Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

segunda-feira, outubro 30, 2017

CBF avalia criar mecanismo para limitar trocas de técnicos nos clubes

Plano prevê a criação de duas "janelas de inscrição" de treinadores por ano no futebol brasileiro


Por Martín Fernandez, São Paulo 

Resultado de imagem para Vladimir de Jesus
Treinador Vladimir de Jesus (à direita) em sua recente passagem pelo Ferroviário (O Povo)


A CBF avalia adotar um mecanismo que limitaria a troca de técnicos nos times do futebol brasileiro. A ideia, apresentada pelo advogado Marcos Motta, prevê a criação de duas "janelas de inscrição" para treinadores por ano. Na prática: os times só poderiam inscrever técnicos em janeiro ou agosto (por exemplo). O plano não proíbe os clubes de demitirem treinadores fora desse período, mas os impediria de inscrever outros.

– Seria semelhante ao que já acontece com o registro de jogadores, situação que já está nos regulamentos da Fifa. Esse tipo de princípio é a favor de atletas e treinadores, dá estabilidade na relação contratual e na integridade da competição – diz Motta.

GloboEsporte.com apurou com integrantes da cúpula da CBF que a ideia está sob avaliação e pode ser adotada já em 2018.

Outra proposta que está na mesa da CBF foi apresentada dois meses atrás pela Federação Brasileira dos Treinadores de Futebol. A ideia da FBTF é limitar as trocas de técnico a duas por clube ao longo de um ano, o que permitira que cada time fosse dirigido por no máximo três profissionais na mesma temporada.
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Tostão por Tostão vale milhão, vale milhões

Atuação do Grêmio e derrota do sub-17 do Brasil ajudam a pensar na Copa

Soccer Football ? Brazil vs England - FIFA U-17 World Cup Semi-Final - Vivekananda Yuba Bharati Krirangan Stadium, Kolkata, India - October 25, 2017. England's Rhian Brewster celebrates his goal. REUTERS/Anuwar Hazarika ORG XMIT: DEL101
Inglaterra eliminou o Brasil no Mundial sub-17 e conquistou o título contra a Espanha


Dizem que, se o Grêmio for campeão da Libertadores, será construída uma estátua para Renato Gaúcho. Ele adorou a ideia e, nas entrevistas, fala, com frequência, sobre isso, seriamente e/ou brincando. Difícil será Narciso achar a estátua tão bonita quanto ele. Renato Gaúcho seria o primeiro brasileiro a ganhar a Libertadores como jogador e como treinador. Fora do país, há mais sete. Um deles é Gallardo, técnico atual do River Plate, provável adversário do Grêmio na final.

Apesar do preconceito de alguns jornalistas esportivos contra ex-jogadores que se tornaram treinadores, como se eles não tivessem preparo científico para o cargo -Renato sofreu isso-, há craques que tiveram grande sucesso como técnicos, como Zidane, Zagallo, Guardiola, Cruyff, Beckenbauer e outros.

Existe também o preconceito inverso, de ex-jogadores contra os treinadores que nunca foram atletas profissionais, como se eles não fossem capazes de enxergar as sutilezas técnicas e táticas. São, geralmente, ex-jogadores que não acompanham a evolução do futebol, que defendem a volta ao estilo dos anos 1960, além de acharem que o principal problema dos times brasileiros é copiar os europeus.

Não há regra. Há ótimos e ruins técnicos que foram ou não atletas profissionais, embora ter sido atleta ajude na carreira de técnico.

O Grêmio, contra o Barcelona, voltou a ser um time compacto, que defende e ataca com muitos jogadores e que usa bastante a troca de passes e triangulações.

O técnico Roger iniciou essa maneira de jogar. Posteriormente, a equipe evoluiu, com Renato Gaúcho e graças à chegada de vários reforços, como o zagueiro Kannemann, os laterais Edilson e Cortez, o volante Arthur, o centroavante Barrios e, principalmente, a mudança de posição de Luan, que passou a jogar como um meia de ligação, após a contusão de Douglas. Antes, Luan era o atacante mais adiantado.

A espetacular defesa de Marcelo Grohe é exaltada em todo o mundo. O incrível, quase impossível, foi que, mesmo com um chute tão forte e tão de perto, o braço esticado do goleiro não foi para trás, o que faria a bola entrar. Parecia um braço de ferro. Quando eu brincar de super-herói com meu neto de dois anos, vou ser o Marcelo Grohe.

Luan é o elo, o catalisador das jogadas ofensivas do Grêmio. Atua com a cabeça em pé, sem olhar para a bola, com muita técnica e elegância. Luan merecia ser um dos reservas da Seleção.

Ao falar da seleção brasileira, lembro-me da eliminação do time sub-17, na derrota por 3 a 1 para a Inglaterra, na Copa do Mundo da categoria. Os ingleses envolveram os laterais brasileiros com troca de passes, de onde saiu a maioria das jogadas ofensivas. Imagino que, no Mundial da Rússia, os técnicos vão tentar fazer o mesmo, já que Marcelo e Daniel Alves, os dois melhores laterais do mundo, se destacam mais pelo apoio que pela marcação.

Além disso, não há, na seleção, dois meias abertos, que fazem a proteção dos laterais. Os três meio-campistas atuam mais centralizados, e os jogadores pelos lados (Neymar e Coutinho) são muito mais atacantes e voltam pouco para marcar.

Por outro lado, muito mais difícil que envolver os laterais brasileiros será marcá-los. O cobertor dos adversários é mais curto que o do Brasil. Na vida e no futebol, o cobertor é sempre curto. 
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domingo, outubro 29, 2017

As razões da queda de desempenho do Corinthians no 2º turno

Leonardo Miranda 

0x0, primeiro tempo. A Ponte Preta se posiciona de forma muito compacta em seu campo, com 2 linhas de 4 e os dois atacantes fechando junto aos volantes do Corinthians. O time paulistano está pensando em como começar mais um ataque, tentando construir suas jogadas. Bola com Gabriel, que só vê Maycon perto dele como uma opção de passe. Os laterais estão distantes, os pontas estão presos no lado e Rodriguinho vira o corpo, mas muito longe. Toquinho de lado, outro toque de lado e…nada acontece.A imagem que você vê acima representa o que foi boa parte do jogo contra a Ponte Preta - 1x0, gol de Lucca - e o que vem sendo o desempenho do Corinthians no 2º turno. São 3 vitórias, 3 empates e 6 derrotas - um aproveitamento de 30% dos pontos, comparável apenas ao lanterna Atlético-GO. A gordura na liderança, que já foi de 10 pontos, pode diminuir a 3 se o Palmeiras vencer o Cruzeiro.

São muitas as razões que explicam a queda de desempenho corinthiana. Em recente entrevista, Jô disse que vinha sentindo dificuldade de se concentrar nos jogos com a vantagem garantida. O efeito psicológico de um 1º turno tão perfeito pode ter sido um relaxamento natural no 2º. Outra questão é o desempenho individual de alguns jogadores (desempenho esse afetado pelo coletivo), como Rodriguinho e Arana.

Partindo para as razões táticas, a questão se desdobra mais. O Corinthians continua sendo uma equipe organizada e com um modelo de jogo claro. O que acontece é que esse modelo de jogo não vem atingindo os objetivos que ele propõe tanto na equipe como no adversário. Pense no futebol como um jogo de escolhas e ação-reação: escolho jogar de determinada maneira para que o adversário se desorganiza de tal jeito e eu consiga fazer o gol de x jeito.

Pegando como exemplo a construção ofensiva do Corinthians, talvez o que mais piorou de alguns meses pra cá, aquela saída lateralizada com os laterais e pontas vem resultando em vários nadas. Observe como o Corinthians faz a mesma coisa, mas a Ponte se organiza para evitar que Arana ou Fágner flutuem por dentro e infiltrem junto aos pontas e Jô, que caiu demais de rendimento precisando ficar mais estático e fazendo menos o pivô que tanto armava as jogadas.Tudo está conectado. Se o ataque vai mal, a defesa vai mal. O Corinthians vem sendo muito lento em suas ações, inclusive no “volta” para a defesa quando perde a bola. Aqui, Jadson retorna para proteger Wagner, mas Romero não faz o mesmo lá no lado oposto. Rodriguinho também não. Veja como a linha de defesa, ponto máximo da organização no 1º turno, está mais espaçada, sujeita a desencaixes como o gol de Lucca.Ação, reação e o título do Corinthians já não depende mais só dele. Se o Palmeiras vencer o Cruzeiro e o Corinthians no próximo domingo, assume a liderança. A hora é de repensar o modelo de jogo que não vem surtindo mais efeito e cobrar mais atitude - sim, ela interfere diretamente no desempenho em campo. Atitude de querer vencer, de obedecer o que é treinado e executar mais rápido. É uma das maneiras de não transformar em fiasco o que vinha sendo uma maravilha…

O CAMINHO EM DIREÇÃO À REALIZAÇÃO E LIBERDADE INCONDICIONAIS


Você é brilhante, curioso e determinado. Talvez competitivo, certamente inspirado por um bom desafio, e, possivelmente, interessado ​​em contribuir com algo para tornar o mundo um lugar melhor. Talvez você tenha pensado sobre o que será necessário para que você possa chegar aos 80 ou 100 anos e ser capaz de dizer: “Isto é o que eu me propus a fazer, e eu fiz. Houve altos e baixos, mas eu me mantive na linha.”
Talvez você pense: para me mover daqui para lá – me tornando uma pessoa bem sucedida e satisfeita com grande parte da vida que ficou para trás – eu precisarei ter isso, conseguir aquilo, ir até lá. Se você é romântico, o seu sucesso vai depender de relacionamentos; se você estiver voltado para a família, será familiar; se você é materialista, você precisará adquirir certas coisas; se você é aventureiro, aventuras; se você é intelectual, o conhecimento. A lista continua. Você pode muito bem ter objetivos dignos e admiráveis – especialmente se contribuir para o bem-estar dos outros faz parte do que te faz vibrar.
Mas, se a nossa realização e felicidade dependem de ganhar ou fazer alguma coisa, ficaremos infelizes ou frustrados se não as obtivermos ou fizermos? A nossa felicidade depende, fundamentalmente, de algo além do nosso alcance pessoal? Ela depende de outras pessoas, de outros acontecimentos? Se essas coisas, pessoas, acontecimentos, eventos, situações ou relacionamentos das quais dependemos para a nossa realização mudarem, o que acontece? Elas irão mudar, elas mudam. Às vezes para melhor, mas nem sempre. E então?
É útil dar uma olhada mais de perto no que realmente nos faz felizes. O que queremos dizer com feliz? De onde vêm a paz e a realização? E a insatisfação, a dor e a angústia? Como podemos definir essas experiências? E quem – ou o que – é esta pessoa potencialmente realizada – este “eu”?
Há cerca de 2.600 anos, o Buda, ciente de que todos compartilham o desejo de ser feliz e para evitar a dor, perguntou a si mesmo exatamente estas mesmas questões. E há 2.600 anos, o Buda veio com respostas que são, ainda – de acordo com os budistas, enfim – a resposta mais inteligente e pertinente às necessidades humanas em termos de filosofia e prática.
O Buda nasceu em uma família real onde hoje é o sudoeste do Nepal. Um santo advinho disse ao pai do Buda, o rei, que o menino cresceria para ser um grande líder ou um grande renunciante e guia espiritual. Naturalmente seu pai gostou mais da primeira versão, e fez de tudo em seu poder para se assegurar de que o príncipe Siddhartha Gautama fosse feliz. Podemos imaginar o palácio, os jardins e as fontes, os pavões, banquetes, dançarinas, sedas e brocados, músicos e jasmim, e todo o resto. O rei garantiu que seu filho nunca visse nada desagradável, incômodo ou dissonante. E podemos presumir que o belo e privilegiado príncipe acreditava que estava levando uma vida significativa e satisfatória. Ele foi muito bem casado, teve um bom filho e seu desejo era uma ordem.
Mas então, a história se passa, ele vai além dos arredores de sua vida idílica e, pela primeira vez, testemunhou as verdades chocantes de envelhecimento, enfermidade e morte. E de repente, surge nele um anseio por paz e significado, que não dependiam de coisas como a saúde, a juventude e a riqueza, e foi mais forte do que todo o resto. Então, ele saiu em busca de algo parecido com a felicidade inalterável, e tentou encontrá-la através de práticas devotas extremas. Após seis anos de espantosa abnegação, ele chegou à conclusão de que os dois extremos de prazeres -terrenos e automortificação – não iriam levá-lo para onde ele queria ir. Então, ele pegou um belo pudim de arroz, sentou-se sobre um tapete de grama sob uma figueira no que hoje é Bodhgaya, e prometeu que não iria desistir até encontrar a felicidade absoluta que estava procurando. “Restam apenas pele, tendões e ossos”, disse ele. “Deixe a carne e o sangue secarem no meu corpo, mas eu não desistirei desse lugar sem alcançar o despertar completo.” Após uma noite longa e muito agitada, ele se tornou Buda, o Desperto.
Sete semanas mais tarde, ele deu seu primeiro ensinamento. Toda a história é definida, desde nossa busca equivocada de felicidade até a possibilidade de despertar e paz, em quatro pontos: as quatro nobres verdades. Sua primeira verdade, a verdade do sofrimento, afirma que o sofrimento é um dado adquirido em qualquer forma de existência que depende de causas e condições. Ela define o sofrimento como todos os níveis de desconforto, variando de uma dor barulhenta ao desconforto sutil da mudança e o sofrimento existencial muito mais sutil que segue com o fato de estarmos vivos.
A segunda verdade é a origem do sofrimento, e aqui o Buda explica que a origem do sofrimento não é um deus que está atrás de nós, ou algum dedo arbitrário do destino, mas a nossa própria ignorância e seus subprodutos cármicos. Revolucionário! Voltaremos a este assunto.
A terceira verdade é a verdade da cessação ou a verdade da paz: a paz inequívoca que ocorre quando os nossos véus, confusão e egoísmo cessam, são removidos, e a nossa bondade e sabedoria natural florescem totalmente. Pura felicidade.
E finalmente, a quarta verdade, a verdade do caminho, mapeia a prática que nos leva à verdade da cessação. Este caminho é essencialmente a visão correta, a ação correta (aprender como ser verdadeiramente útil) e a prática espiritual correta, como é expresso, tradicionalmente, pelo guia condensado para um estilo de vida saudável chamado o nobre caminho octuplo. 
A origem do sofrimento é a ignorância. A palavra em sânscrito é Avidia – não saber, não ter consciência da nossa natureza fundamental ou da essência de ser buda, desperto, e da natureza da manifestação condicionada, na qual estamos incluídos, como sendo interligadas e desprovidas de qualquer tipo “eu” sólido e independente; impermanente e sujeito a mudanças, quer gostemos ou não; e composto, que significa que a dor vai fazer parte da nossa experiência, uma vez que tudo o que existe como um conjunto acaba desmoronando, necessariamente, mais cedo ou mais tarde. Até mesmo o Buda, que passou a dar ensinamentos sobre diferentes temas em lugares diferentes ao longo de um período de quase 50 anos, deixou seu corpo para trás aos 81 anos.
Ignorância significa que não temos todos os elementos que precisamos para fazer escolhas esclarecidas sobre a vida. Todos nós procuramos por conforto ou significado, mas fazemos escolhas desastradas que levam a resultados dolorosos (comer muito chocolate, no meu caso). Por causa da ignorância, não nos damos conta da interconectividade derradeira e fundamental da existência, e nosso universo é percebido não como a corda de ilusão em constante mudança de ilusão que é, mas como um confronto sólido, um tanto quanto estático entre o “próprio” (eu) e os outros (todo o resto).
Nós dividimos o nosso mundo em eu/você, amigo/inimigo, desejável/indesejável, realizado/frustrante e assim por diante. É um processo natural, mas completamente arbitrário e subjetivo. De alguma forma, somos capazes de ignorar este último fato. Estamos em modo de divisão dualista, e agimos de acordo com isso; todos os tipos de emoções entram em jogo, e agimos sobre elas. Reforçamos as tendências – os Budistas diriam que nós criamos carma – que tornam a ilusão mais espessa, pegajosa, mais sólida. E quanto mais longe estivermos da verdade, mais evasiva se torna a felicidade.
Um grande professor tibetano do século 20, o terceiro Jamgön Kongtrul, deu uma palestra na Universidade Estadual de Nova York, em Albany, em 1985. “Na maioria das vezes, a nossa relação com o mundo que nos cerca não está de acordo com a sua natureza básica, mas com a nossa incompleta percepção dela”, disse ele. “Nós não experimentamos a nossa própria natureza básica; em vez disso, experimentamos apenas o que vemos. O resultado é um tremendo conflito em nossas vidas. Não importa o quanto tentemos resolver as coisas, há sempre desordem e insatisfação, sempre algo faltando. Não importa o quanto parece termos conquistado, ainda há mais para conseguir. Essa insatisfação continua e o seu tamanho aumenta, porque o que somos fundamentalmente e como percebemos não é a mesma coisa.”
Jamgon Kongtrul se refere à nossa natureza básica: de acordo com muitos ensinamentos atribuídos a Buda, a nossa natureza básica, derradeira e objetiva é impossível de se definir com palavras, mas inclui esse potencial de despertar que ele apresentou na terceira nobre verdade, a Cessação. Ela foi descrita como uma consciência luminosa, um vazio, uma bondade fundamental e búdica. Natureza básica não tem absolutamente nada a ver com um budista; todos os seres compartilham essa centelha inata de perfeição. O que o budismo tenta fazer é nos dar os meios para reconhecer, estimular e experimentar este potencial, não importa quem somos.
Em um nível relativo, como seres sujeitos à confusão ou ignorância em graus variados, nós somos interdependentes, impermanentes, e sujeitos ao sofrimento que procuramos evitar. A força motriz subjacente da nossa experiência é o carma. Essencialmente, o carma se refere ao fato de que as ações e pensamentos têm resultados; nada existe sem uma causa. Isto é tanto uma má notícia quanto boa.
É uma má notícia se optarmos por permanecer no modo “cabeça-na-areia”, porque a nossa tendência será nos relacionarmos com a felicidade e o prazer ou com a frustração e insatisfação como tendo causas e soluções externas. Nós lidamos com elas nos concentrando em um prêmio ou em um culpado e reagindo de acordo com os nossos padrões confusos: nós ativamos o encanto, ou plano, ou a fuga, ou a luta. Mas como Jamgön Kongtrul explicou, “o que é fundamentalmente verdade, é que a experiência de dor ou prazer não é tanto o que está acontecendo externamente como o que está acontecendo internamente: a experiência de dor ou prazer é principalmente um estado de mente. Experimentar o mundo como iluminado ou confuso  depende do nosso estado de mente.”
E essa é a boa notícia.
É uma boa notícia, porque sempre existe o potencial para sermos verdadeiramente conscientes do que está acontecendo e usar isto para aprofundar a nossa compreensão. Há sempre a possibilidade de abrir os olhos e ser buda: desperto. Além disso, interdependência significa que boas ações trazem resultados positivos e felizes para nós e para os outros; e impermanência significa que situações dolorosas podem mudar para melhor e que podemos percebê-las de forma diferente e usá-las de forma mais sábia.
A palavra tibetana para budista, nangpa, significa “interior”, como em “aqueles cujo foco é direcionado para dentro: na mente, no seu funcionamento e desenvolvimento.” O Buda ensinou que a verdadeira felicidade, ou satisfação, independe de causas e condições externas. Assim, para os budistas, a busca da felicidade envolve treinar o olhar interior. Uma vez que sabemos quem realmente somos, de dentro para fora, estamos menos propensos a acreditar na viabilidade dos nossos padrões e vícios. Percebemos que, se estamos agindo de acordo com a insatisfação e a confusão, é porque não descobrimos nossa natureza básica.
Uma analogia dada frequentemente é a da pessoa faminta que desconhece a despensa no porão. Eu sempre imagino um sujeito magro envolto em trapos, muito derrotado ou sem imaginação para pensar, para escolher o chão de terra do casebre imundo onde ele está definhando. Muito desanimado para encontrar o grande anel de ferro logo abaixo da superfície da terra que seria facilmente levantado se puxado, revelando uma adega iluminada cheia de água fresca dos mananciais, frutas maravilhosas, muitos queijo franceses bons, um bom pão crocante e assim por diante.
Se estivermos inspirados a levantar a poeira do grande anel de ferro e dar-lhe um puxão, se estivermos interessados ​​em trabalhar no sentido de substituir a nossa confusão por clareza e paz na mente, na descoberta de nossa natureza básica e inata, o Budismo nos dá as ferramentas. Uma das principais, que nos guia na observação e trabalho com a mente, é a meditação.
Meditar não se trata de bombardear os pensamentos e emoções que surgem em nosso fluxo mental; não se trata de flutuar em uma bolha de felicidade; e não se trata de raspar a nossa cabeça, mudar nosso nome para Wangmo e morar em uma caverna. Então, do que se trata? Lembre-se que o budista assume que a existência inclui tanto os níveis absolutos quanto os relativos. Quando meditamos, nos relacionamos com ambos. Relacionamos a sabedoria absoluta e a confusão relativa, e fazemos isso sem julgamento ou política. A meditação básica chamada shamatha, ou “permanência calma,” é um processo neutro de reconhecimento e desprendimento. É a “Suíça” das práticas. Estamos dispostos a cortar o nosso apego ao pensamento – mas não estamos tentando parar o processo de pensar, porque os pensamentos não são o problema. Nossas esperanças e medos, apego e rejeição, a tensão que eles criam e os véus que reforçam é que são o problema.
A meditação assume muitas formas diferentes; existem variantes infinitas e cada uma delas concentra-se em revelar um ou outro desses tesouros na despensa. Shamatha é a prática que nos apresenta à capacidade da mente de ser treinada e desenvolver compostura. E apesar da compostura não ser o objetivo final, a estabilidade é a base para todas as outras práticas, algumas das quais podem ser bastante dinâmicas e exigentes. Se a mente está constantemente correndo por aí como um furão sob o efeito da cafeína, como podemos treiná-la?
Se olharmos para onde a mente vai, como dardos aqui e ali, veremos que nossos pensamentos estão preocupados com o passado – coisas que desejamos que tivessem acontecido de forma diferente, situações que aproveitamos e desejamos recriar, eventos que estão mortos e enterrados – e o futuro, que não existe, e que nunca se desenrola da forma como o planejamos, de qualquer forma. Quando meditamos, nos relacionamos com aquela mercadoria inquietante e inefável: o presente.
Nós treinamos abrir mão de pensamentos e sentimentos que possam surgir, e nos voltamos para o presente: aquele espaço  entre dois conceitos – passado e futuro – que, na verdade, não existem. Nós estamos simplesmente sendo, aqui e agora. Porque apenas ”estar presente” é tão desconhecido para nós, que desenvolvemos a nossa prática através de qualquer um dos muitos métodos para acalmar a mente, como seguir a respiração.  Nós apenas sentamos, aquietamos a nossa mente com a respiração, reconhecemos o que está surgindo, soltamos e voltamos à nossa respiração. Se estivermos cientes da tensão, nós a suavizamos e soltamos. Se estivermos cientes da agitação ou sonolência, fazemos uso de diligência e aplicamos um remédio.
Preste atenção. Permaneça aberto. Observe o desconforto e volte para a sua respiração. Use a sua curiosidade. Seja paciente. Você está fazendo algo vital: você está puxando o anel de ferro. Você está se movendo em direção à realização e liberdade incondicionais. Você está buscando a felicidade da única maneira que realmente faz sentido: de dentro para fora.
Pamela Gayle Branco é tradutora de tibetano e ensina meditação e filosofia budista em Centros de Caminho Bodhi nas Américas e na Europa. Este artigo foi adaptado de uma palestra que ela ministrou no Bryn Mawr College Centro Multicultural em dezembro de 2008. Após a palestra, um grupo de meditação foi formado. Artigo publicado na revista Tricycle. 
Tradução Angélica Nedog, revisão Luis Oliveira 

terça-feira, outubro 24, 2017

Zidane faz história e é eleito pela Fifa o melhor treinador de futebol do mundo

Soccer coach Zinedine Zidane receives The Best FIFA Men's Coach award during the The Best FIFA 2017 Awards at the Palladium Theatre in London, Monday, Oct. 23, 2017. (AP Photo/Alastair Grant) ORG XMIT: FAS135
Zinedine Zidane, do Real Madrid, recebe da Fifa o prêmio de melhor treinador do mundo


O francês Zinedine Zidane, do Real Madrid, fez história nesta segunda-feira (23) ao ser eleito pela Fifa o melhor técnico do mundo. Ele desbancou os treinadores italianos Massimiliano Allegri, da Juventus, e Antonio Conte, do Chelsea, para ficar com a premiação.

Nunca um ex-jogador que havia recebido da Fifa o prêmio de melhor atleta tinha conseguido a honraria como treinador. Zidane foi eleito o principal jogador de futebol do mundo em 1998, 2000 e 2003. Já o prêmio de melhor treinador começou a ser entregue em 2010.

Zidane já havia concorrido ao troféu na última edição da premiação, mas perdeu para o italiano Claudio Ranieri, que conquistou o inesperado título inglês com o Leicester City.

Foi o próprio Ranieri que anunciou Zidane como vencedor. Em seu discurso, o francês agradeceu ao Real Madrid e a alguns jogadores da equipe, entre eles o português Cristiano Ronaldo.

Pesou a favor de Zidane a conquista de mais um título da Liga dos Campeões com o Real Madrid. O treinador, que já havia sido campeão na temporada 2015/2016, assegurou o bicampeonato com uma goleada por 4 a 1 contra a Juventus, em Cardiff.

Zidane também foi campeão da última edição do Espanhol, com três pontos de vantagem para o rival Barcelona, e ganhou o título do Mundial de Clubes da Fifa em dezembro do ano passado.

TRÊS BRASILEIROS NO TIME DO ANO

O português Cristiano Ronaldo foi eleito o melhor jogador do mundo pela Fifa. Ele chegou ao quinto prêmio na carreira e igualou a marca de Lionel Messi, do Barcelona, que foi derrotado na disputa. Neymar, do Paris Saint-Germain, era o outro concorrente ao troféu.

A seleção da Fifa de melhores jogadores do mundo contou com três brasileiros convocados com frequência pelo técnico Tite para defender o país. Os laterais Daniel Alves, do PSG, e Marcelo, do Real Madrid, e o atacante Neymar estiveram entre os onze atletas premiados.

O restante do time foi composto pelo goleiro Buffon (Juventus), os zagueiros Sergio Ramos (Real Madrid) e Bonucci (Milan), os meias Kroos (Real Madrid), Modric (Real Madrid) e Iniesta (Barcelona) e os atacantes Cristiano Ronaldo (Real Madrid) e Messi (Argentina).



GOL MAIS BONITO

O francês Olivier Giroud, do Arsenal, venceu o Prêmio Puskás de gol mais bonito do ano. O atacante superou a venezuelana Deyna Castellanos e o goleiro sul-africano Oscarine Masuluke, que havia feito um gol de bicicleta.



Em premiação inédita, Buffon foi eleito o melhor goleiro do mundo. Ele derrotou Navas, do Real Madrid, e Neuer, do Bayern de Munique.

O time escocês Celtic ganhou o prêmio de melhor torcida do mundo. Já o jogador Francis Koné ganhou o título de fair play da temporada. Ele foi homenageado por ter socorrido o goleiro de um time rival que sofreu uma convulsão durante uma partida na República Tcheca.

O prêmio de melhor técnica de futebol feminino foi para a holandesa Sarina Wiegman, que venceu a Eurocopa com a seleção da Holanda. Já a melhor jogadora do mundo foi a holandesa Lieke Martens, do Barcelona.

Além das premiações, a Fifa organizou uma homenagem para Pelé, que faz 77 anos nesta segunda-feira. Foram mostrados vídeos com lances históricos do Rei do Futebol no telão.

(Folhapress)


COB aumentará em 12% repasse de dinheiro de loteria a confederações

Rio de Janeiro, Rj, BRASIL. 13/10/2017; Entrevista com Paulo Wanderley, presidente do COB ( Foto: Ricardo Borges/Folhapress)
Ricardo Borges/Folhapress


SÉRGIO RANGEL 

O COB (Comitê Olímpico do Brasil) anunciou nesta terça (24) que vai distribuir R$ 95 milhões para 34 confederações em 2018 por meio da Lei Piva.

A quantia é 11,8 % superior ao valor repassado pelo órgão no ano passado. Neste ano, as confederações receberam R$ 85 milhões.

Mesmo assim, a verba não chegará ao montante (R$ 98 milhões) distribuído pelo comitê em 2016, ano de disputa dos Jogos do Rio.

Conforme a Folha revelou terça (24), a comissão incumbida de propor reformas ao estatuto do COB quer tirar da entidade a distribuição das verbas públicas oriundas da Lei Piva.

O assunto será votado provavelmente no próximo mês na próxima assembleia da entidade.

Os recursos advindos da legislação se tornaram base da plataforma que manteve Carlos Arthur Nuzman à frente da entidade por 22 anos -ele renunciou último dia 11 de outubro face às suspeitas de envolvimento em esquema.

Autor da proposta, o presidente da Marco Aurélio de Sá Ribeiro, presidente da CBVela (Confederação Brasileira de Vela), sugere que seja criado um conselho de administração independente que se encarregue de controlar as verbas públicas que passam pelo comitê, entre as quais as aportadas pela Lei Piva.

Ribeiro é um dos integrantes da comissão de reforma do estatuto.

Caberia ao órgão, ainda, definir os parâmetros para repassar verbas a confederações, o que atualmente fica a cargo da área técnica do COB.

O presidente do comitê, Paulo Wanderley, disse que preferia não manifestar a sua posição sobre o assunto para evitar interferência no trabalho da comissão.

No total, a Lei Piva vai destinar R$ 225 milhões ao COB –7% a mais que neste ano.

Deste montante, o comitê ficará com R$ 52,3 milhões –1% a menos que em 2017. O restante será usado em projetos esportivos (R$ 44 milhões), escolar/universitário (R$ 33,8 milhões), além dos repasses que serão feitos para as confederações (R$ 95 milhões).

Nesta quarta, o COB anunciou também mudança no critério para definir os repasses. A mudança mais significativa é o descarte dos resultados da delegação brasileira nos Jogos de Pequim-08. Apenas o desempenho nas duas últimas Olimpíadas (Londres-2012 e Rio-2016) será levado em conta a partir de agora.

O COB estipula 11 critérios para definir o repasse para as confederações –resultados dos mundiais de cada categoria nos últimos quatro anos, desempenho em Pans também são avaliados.

JUDÔ E VÔLEI

As entidades vão receber mais verbas da Lei Piva no próximo ano serão a de Judô e a de Vôlei. Cada uma levará R$ 6,2 milhões. As duas já eram as primeiras no ranking do repasse. No ano passado, cada uma ganhou R$ 4,2 milhões.

Wanderley foi presidente da confederação de judô por 16 anos.

A Confederação Brasileira de Desportos Aquático praticamente estacionou. Neste ano, a entidade recebeu R$ 3,6 milhões. Já no próximo ano, a confederação, que foi pivô de um escândalo de corrupção, receberá R$ 3,7 milhões.

Dos filiados, apenas o futebol não recebe verba da Lei Piva. 
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Tite é citado por 9% dos eleitores em disputa para melhor técnico do mundo

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Folha de São Paulo

Indicado pela Fifa ao prêmio de melhor técnico do mundo na temporada 2016/2017, Tite, comandante da seleção brasileira, recebeu 41 votos, de um universo de 459 possíveis. Foi lembrado, então, por 9% dos eleitores, entre jogadores, treinadores e jornalistas.

O francês Zinedine Zidane, do Real Madrid, foi o vencedor.

Comandante da melhor campanha da seleção em uma disputa de eliminatórias para a Copa do Mundo, Tite foi considerado o melhor do mundo por seis votantes.
Entre os jogadores, além do lateral Daniel Alves, que votou como o capitão da seleção, o atacante Paolo Guerrero, do Flamengo e capitão da seleção peruana, foi o único a lembrá-lo na primeira posição.

No grupo dos técnicos, teve o apoio de Octavio Zambrano, do Canadá, e Mircea Lucescu, da Turquia.

Por fim, jornalistas de Vanuatu, Paquistão e Ilhas Virgens Britânicas lhe deram prioridade.

Entre técnicos de seleções já garantidas na Copa-2018, apenas Jorge Luis Pinto, de Honduras, citou o brasileiro, como o terceiro melhor do mundo, atrás de Zinedine Zidane, do Real Madrid, e do italiano Antonio Conte, do Chelsea.

Já o zagueiro Diego Godin, capitão do Uruguai, o apontou como o segundo melhor treinador da temporada. Em primeiro, listou o argentino Diego Simeone, com quem trabalha no Atlético de Madri. 
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