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"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

segunda-feira, janeiro 19, 2015

Especialista comenta a respeito de Vasco da Gama e Estratégia Empresarial

LUIS FILIPE CHATEAUBRIAND é Membro do Bom Senso Futebol Clube e Professor de Estratégia Empresarial

Michael Porter, notório professor da Universidade de Harvard e grande autoridade em Estratégia Empresarial, preconiza que há três tipos de estratégias genéricas que uma organização pode escolher: liderança nos custos, diferenciação e enfoque.

A estratégia enfoque significa ter foco em um determinado grupo de clientes, em um segmento de produtos ou em um mercado geográfico. A premissa é que se estará mais preparado para atender um nicho de mercado, estreito, do que se pretendesse atender ao mercado total, de forma ampla.

Uma estratégia de enfoque pode reduzir custos em relação aos concorrentes, pois, se se trabalha com um foco, tem-se custos menores, pois a área de atuação pode ser menor. E também se pode satisfazer melhor a clientela, pois é mais fácil atender bem a um grupo de clientes, do que atender bem a uma clientela mais ampla (até cobrando mais dos clientes, em virtude da maior satisfação).

O que o Vasco da Gama tem a ver com isso? Existe um grande “foco” entre os milhões de torcedores do Heroico Português: a comunidade lusitana, composta de torcedores portugueses e descendentes de portugueses, não apenas no Rio de Janeiro, mas em todo Brasil. Não que inexistam vascaínos que não tenham descendência portuguesa, mas o grupo de portugueses e descendentes é, na torcida cruzmaltina, bastante representativo.


 

Posse de Eurico Miranda, o comandadante de um clube ligado a uma 'nação' lusitana (Foto: Wagner Meyer/Agelance)

 

Portanto, a estratégia enfoque, especificamente enfoque por grupo de clientes, e especificamente para a colônia portuguesa e descendentes, parece apropriada para o Gigante da Colina. É uma questão de identidade.

A estratégia genérica que um clube opte por seguir deve implicar ações compatíveis. Destarte, o Vasco da Gama, ao optar por uma estratégia de enfoque, deve adotar ações como:

 

Jogar em estádio próprio (o histórico São Januário reformado) cheio de referências às tradições portuguesas, em que compras de ingressos de maior monta dão acesso a brindes associados às tradições lusas (exemplos: “compre ingressos para cinco jogos do Vasco da Gama na temporada, e ganhe de brinde um almoço no Adegão Português” – excelente restaurante especializado em comida portuguesa, próximo à sede do clube; “compre os ingressos para todos os jogos de mando de campo do Vasco da Gama no Campeonato Brasileiro e ganhe uma cesta de bacalhau português, vinho do Porto e castanhas portuguesas”; “compre os ingressos de todos os jogos de mando de campo do Vasco da Gama na temporada e ganhe o direito de concorrer a passagem aérea, com acompanhante, Rio – Lisboa – Rio”);Licenciamento de produtos ligados tanto ao clube como às tradições portuguesas;Escolha de um patrocinador ligado às coisas de Portugal, ou propriamente português, ou com influência portuguesa.

 

O raciocínio aqui colocado vale também, por exemplo, para o Palmeiras, clube com perfil de torcedores bastante parecido com o do Vasco da Gama – sai a colônia portuguesa, entra a colônia italiana.

Os clubes de futebol devem escolher a estratégia mais adequada de acordo com as necessidades de seus torcedores, e agirem de forma coerente com a estratégia, ao invés de procurarem mesclar estratégias. No caso de clubes com muitos adeptos entre representativos nichos de mercados, a estratégia enfoque parece a mais propícia.

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Benê Lima