Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

terça-feira, setembro 23, 2008

Ações inovadoras em marketing esportivo

Rivais argentinos apostam em projetos de lazer e educação

Enquanto Boca Juniors mira a construção de um hotel próprio, River traça os planos de uma universidade

Equipe Cidade do Futebol

A rivalidade de Boca Juniors e River Plate muitas vezes se estende às quatro linhas e passa ao campo das idéias de marketing. É o caso atual, em que as duas principais forças do futebol argentino projetam ações inovadoras.

Pelo lado dos xeneizes, a intenção é construir um hotel próprio – o Hotel Boca By Desing Suítes, empreendimento que vai contar com 17 andares e 89 quartos, todos representativos às figuras históricas do clube e tem inauguração prevista para 2010.

Além de receber a equipe em alguns períodos de preparação, como a véspera de jogos dentro de La Bombonera, o local estará disponível também aos simpatizantes do clube.

“Há milhões de pessoas que já devem estar sonhando com um fim-de-semana neste hotel”, vislumbra Pedro Pompilio, presidente do Boca.

Em Nuñes, o projeto ainda está em fase embrionária, mas já promove êxtase na cúpula do River Plate. A proposta do presidente José Maria Aguilar é construir uma instituição de ensino superior, amparada pelo Ministério da Educação.

“Estamos avançando e demos agora mais um passo à frente. É um sonho que está a se tornar realidade e esperamos que seja aprovado até ao final do ano”, prevê Aguilar, que tem a intenção de dar seqüência ao trabalho desenvolvido desde 1982, com o Instituto River Plate – destinado exclusivamente às categorias de base do clube e algumas outras crianças.
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segunda-feira, setembro 22, 2008

Mais sobre marketing esportivo

Entrevista: Roni Cunha Bueno

GUSTAVO FRANCESCHINI
Da Máquina do Esporte, em São Paulo

Em fevereiro deste ano, o Corinthians surpreendeu o mercado e seu torcedor ao anunciar que não seria o responsável pela sua loja oficial na internet. Sete meses depois, não mais mistério, e o clube do Parque São Jorge ainda tem a companhia do Internacional no rol de parceiros da Netshoes, empresa especializada em serviços de e-commerce que ambiciona o domínio do futebol brasileiro.

Em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, Roni Cunha Bueno, diretor de marketing da empresa, explica aonde quer chegar. A idéia é comandar as lojas online dos principais clubes brasileiros, e o executivo não vê adversários no caminho.
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"A gente tem esse plano sim, e estamos colocando ele em prática. Acho que os responsáveis não estão dando a devida atenção ao setor, e nós temos o melhor serviço para oferecer", disse Bueno.

O caminho já está sendo traçado. Atualmente, além dos clubes já citados, a Netshoes é a responsável pelo setor de calçados esportivos e futebol da versão online das Lojas Americanas. Além disso, também comanda o e-commerce da TV Esporte Interativo, da New Balance e da Asics.

Para estender ainda mais seus braços, a companhia só tem de livrar-se de uma mentalidade atrasada que reina entre os possíveis parceiros. A idéia de que a loja presencial é mais lucrativa que a online, predominante entre as agremiações nacionais, é questionada por Bueno.

Confira a íntegra da entrevista:

ME: Explica para a gente como funciona o trabalho da Netshoes.
Roni Cunha Bueno: A Netshoes é líder em artigos esportivos na internet. Temos 70% do mercado. Nosso foco e diferencial é a qualidade do serviço. A gente trabalha para que o usuário tenha uma experiência única nos sites. Por isso, oferecemos o parcelamento, a entrega em casa, distribuição por todo o Brasil e a atenção ao consumidor. A gente atende todo mundo com variedade e facilidade.

ME: O que vocês oferecem é a interface entre o produto e o consumidor? A logística?
RB: É exatamente isso. A gente leva uma solução que ele só vai encontrar aqui. O clube sozinho vai sofrer com a falta de know how e de todos as propriedades do e-commerce que a Netshoes cumpre com toda a competência. Entregar em todo o Brasil com dois dias utéis não é fácil. Poucos e-commerces tem o nível de excelência que a gente tem

ME: Então não dá para ver a Netshoes como uma loja, certo?
RB: A gente chama de loja porque é a interface do usuário com o site. O consumidor só vê os produtos e as possibilidades de compras, mas por trás daquilo tem todo um negócio, com aprovação de crédito e logística. Esse know how que desenvolvemos durante os anos é que estamos disponibilizamos para o clube. A gente projeta toda a loja, compramos todos os produtos com a marca, trazemos para o nosso estoque e implementamos o serviço. É o que eu disse, a gente quer que o torcedor do Corinthians tenha uma experiência única com a marca, e a mesma coisa com o colorado. O tênis que a Nike fez para o Corinthians, por exemplo, é um produto que você só encontra na shoptimão e na loja oficial. Outra vantagem que veio com o e-commerce é a pré-venda. A gente vendeu todo o primeiro lote da camisa roxa assim. O torcedor entrou antes, fez a compra dele e foi o primeiro a receber em casa.

ME: A estratégia de vocês tem alguma semelhança com o que a Roxos & Doentes faz em termos de lojas presenciais?
RB: O serviço da Roxos é, na verdade, complementar ao nosso. A gente não tem vontade de ter uma loja fixa. Não é o nosso core business. A gente é o melhor da internet. É neste sentido que estamos indo. Queremos todos os principais times do país. Em determinado momento, a pessoa vai optar por ir à loja presencial ou pela comodidade do e-commerce.
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ME: Então, em determinado momento, os dois conceitos podem competir?
RB: Eu acho que o público é diferente. Quem vai na loja física tem uma vontade diferente daquela de quem compra pela internet, e eu acho que é o entretenimento. Ele vai na loja porque está ali presente, se divertindo, porque é um passeio muito bacana. É bacana ir no museu do Corinthians e depois comprar alguma coisa na loja, mas o consumidor da internet quer facilidade.

ME: Dentro desse conceito, o serviço de vocês ainda é mais proveitoso que os outros porque vocês deixam o clube participar dos lucros, certo?
RB: A gente gera receita para o clube. O clube que tá sem e-commerce está perdendo dinheiro. E isso não só em licenciados. Na loja do Corinthians tem tênis, chuteiras e outros produtos que estão no mercado convencional, e que vai trazer renda para o clube.
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ME: E o que pode atrapalhar esse plano de domínio de vocês?
RB: A gente não vê muito empecilho em nada, na verdade. O que a gente sente um pouco é a falta de visão de que a loja virtual é diferente da loja física. O clube já tem a loja física e acredita que assim já está bom. Ele não dá tanto valor ao e-commerce em alguns casos, quando, na verdade, as lojas virtuais estão faturando igual ou até mais que as convencionais.

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sexta-feira, setembro 19, 2008

MUDANÇAS EM CURSO?

Fórum discute e propõe mudanças na Lei Pelé e no CBJD

Os principais nomes do direito desportivo brasileiro estiveram presentes no evento que colocou em pauta as imperfeições das leis desportivas no Brasil

Marcelo Iglesias

Com a enorme quantidade de atletas que vão para o exterior ou mudam de time dentro do Brasil, com a evolução da indústria de medicamentos que melhoram a performance dos atletas e outras questões que influem direta ou indiretamente na rotina do futebol mundial, o Brasil tenta a cada dia adaptar-se à realidade que lhe é apresentada. Entre outras atmosferas que permeiam a modalidade no país estão as leis que regem as relações entre clubes e atletas, as proibições e determinações de conduta.

No entanto, por vezes, essas leis são mal interpretadas ou têm brechas para entendimentos dúbios. Em outras ocasiões, as mesmas determinações engessam clubes e jogadores. Em qualquer um desses casos, o efeito sobre o futebol brasileiro é prejudicial.

Por isso, foi realizado, nos últimos dias 11 e 12 (quinta e sexta-feira da semana passada), o I Fórum Brasileiro de Direito Desportivo. Diversos especialistas no assunto, além de autoridades, e representantes das instituições que regem e julgam os casos de possíveis irregularidades no futebol estiveram presentes. Os dois temas principais abordados no encontro foram a lei Pelé e o Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD).

“Precisamos voltar a estimular os nossos clubes a formarem bons atletas, que consigam manter o bom nível do futebol brasileiro”, afirmou Rubens Approbato Machado, presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e da Comissão de Direito Desportivo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). “Cada país tem uma característica de integração social. No Brasil, esse fator é o futebol”, completou Approbato, ressaltando a importância da modalidade no país.
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Um dos temas mais debatidos foi a situação dos clubes pós Lei Pelé. Ela determinou o fim do passe dos jogadores, o que afetou frontalmente as agremiações brasileiras que tinham, e ainda têm, na venda dos seus atletas a sua maior fonte de renda.

Além das melhores condições oferecidas por clubes europeus, que vêm para o Brasil em busca de novos talentos, com a Lei Pelé, os jogadores passaram a ser donos dos seus próprios passes, o que facilita ainda mais a sua ida para fora do país. Por conta disso, as agremiações brasileiras, que sempre desenvolveram programas de formação de craques, estão desestimuladas a investirem nesse ramo, já que elas pouco irão usufruir do bom jogador que formarão.

“Com a Lei Pelé, desde logo, os dirigentes foram assolados pelo final do passe. A posição deles era a de que seria o fim das instituições, que tinham em seus jogadores, a sua maior fonte de renda”, contou Fernando Carvalho, ex-presidente e atual assessor de futebol do Internacional-RS.

Em uma breve apresentação de slides, Carvalho apontou alguns dos problemas relacionados a Lei Pelé. Entre eles: a questão do direito de preferência de contrato ao clube formador, e o embate entre o período de contrato de cinco anos determinado pela Lei Pelé e o intervalo de apenas três anos estabelecido pela Fifa para os atletas menores de 18 anos.


No entanto, por tratar-se de um fórum, as questões e o próprio tema do encontro estavam em discussão. Por isso, era evidente que havia entre os participantes, aqueles que defendiam o que estava estabelecido pela Lei Pelé. O maior defensor da lei foi Heraldo Panhoca, advogado, consultor de direito desportivo e do trabalho, membro do Instituto Brasileiro de Direito Desportivo e presidente dos tribunais de Justiça Desportiva das federações paulistas de handebol e voleibol. “Não é a Lei Pelé que está errada, e sim a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) que é o grande predador, baseando-se em uma norma internacional”, disse Panhoca sobre o período de contrato dos atletas. “Qualquer norma internacional deve subjugar-se à lei brasileira”, completou.

Outro ponto defendido por Panhoca foi em relação ao mecanismo de solidariedade, que garante 5% do valor de contrato dos atletas aos seus clubes formadores, caso eles realizem um segundo contrato de trabalho, fora do Brasil. “Nenhum país do mundo tem solidariedade interna. Só externa”, defendeu.

Durante o encontro, foram separados quatro grupos para a discussão e proposição de mudanças no CBJD, as quais foram encaminhadas às instâncias superiores para que fossem julgadas.
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É evidente que os temas discutidos e postos em votação quiseram favorecer o máximo possível todos os envolvidos nos tramites de venda de atletas, punições e outros assuntos. No entanto, a manifestação mais aplaudida do fórum foi a de Approbato. “Pela forma como nós estamos tratando os casos, parece que estamos falando de uma mercadoria, de uma ação financeira. Isso é errado. Nós estamos lidando com gente”, disse ao comentar sobre a compra e venda de jogadores.
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A FORÇA DO PODER ECONÔMICO

Futebol faz GP Brasil mudar de horário

REDAÇÃO Da Máquina do Esporte, em São Paulo

A Globo conseguiu, enfim, garantir a Fórmula 1 e o Campeonato Brasileiro em sua grade de programação. Segundo informações do site especializado "Tazio", o horário do GP Brasil, que decidirá a categoria no dia 2 de novembro, foi alterado das 15h para as 14h, para que a emissora carioca consiga encaixar o futebol às 16h.
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O horário inicial, anunciado na semana passada pela Formula One Management (FOM) em comunicado oficial, prejudicava a Globo, que teria de transmitir apenas metade do confronto do Campeonato Brasileiro.
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Para evitar a confusão, a FOM, a Globo e a organização do GP Brasil se reuniram no último fim de semana e optaram pela mudança. O anúncio oficial, porém, só foi confirmado três dias depois da tomada de posição.
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Em um primeiro momento, seguindo a tradição da prova, a organização do GP Brasil havia anunciado a largada para as 14h. O comunicado da FOM, no entanto, obrigou a Globo a intervir politicamente na escolha.


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quarta-feira, setembro 17, 2008

Otimização da produção de receitas no futebol

Entrevista: Amir Somoggi

Marcelo Iglesias

Além de uma análise sobre a realidade da gestão dos clubes brasileiros, o especialista no assunto fala sobre clubes europeus e sobre as perspectivas para Copa de 2014, no Brasil

O Brasil é, sem sombra de dúvida, uma das grandes potências do futebol mundial. Ao lado de outras nações como Inglaterra, Alemanha, Itália, França e a recém-campeã da Eurocopa, Espanha, o país da América do Sul é um exemplo do futebol como um negócio mercadológico.

Diferentemente do que se observa nas ligas européias de destaque, os clubes brasileiros sofrem quando o assunto é a otimização na produção de receitas, sem ganhar e, às vezes, até perdendo com elementos como estádios, venda de produtos, projetos de marketing, e ficando fortemente dependentes da venda de atletas para o exterior.

No entanto, com a assinatura da chamada Lei Pelé, entre outros aspectos existentes na sua redação, abriu-se a possibilidade para que os clubes de futebol brasileiros investissem em projetos junto aos seus torcedores, enxergando-os como consumidores da marca da equipe.

“É importante ressaltar esse aspecto, especialmente no Brasil, porque, dessa forma, nossos clubes não precisariam mais ficar reféns da venda de jogadores para sanarem seus compromissos”, comentou Amir Somoggi, consultor e professor de marketing e gestão no esporte, especialista em marketing e gestão de clubes da empresa Casual Auditores Independentes, que realiza anualmente análises econômicas e mercadológicas sobre o futebol no Brasil e no mundo, professor de marketing esportivo e planejamento estratégico de clubes de futebol no curso Master em Gestão do Futebol da Federação Paulista de Futebol (FPF), em entrevista exclusiva para a Cidade do Futebol.

Além de fazer uma análise sobre a realidade da gestão dos clubes de futebol brasileiros, e de tecer comparações com o que acontece nas grandes ligas européias, Somoggi também falou sobre as perspectivas para a Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil, e apresentou alguns números para deixar mais concreta a sua visão sobre o esporte.

Cidade do Futebol – Quais são os maiores desafios, em termos de gestão, para a modernização dos clubes no Brasil?
Amir Somoggi – A questão é entendermos profundamente qual é o tamanho do nosso mercado. Hoje, nós temos um mercado multimilionário, na Europa, ao passo que o nosso tem muito potencial e ainda é explorável em alguns aspectos.

Por exemplo, a formação de jogadores e a sua respectiva exportação. São valores que crescem a cada ano, mas que não caminham para uma evolução do negócio futebol no mercado doméstico.

Então, a principal questão é entender qual é esse mercado inexplorado. O segundo dilema é profissionalizar ao máximo o departamento de marketing e a administração do clube para poder alavancar todas as outras fontes de receita, que crescem, mas em um ritmo muito inferior ao que poderiam.

CdoF – Muitos clubes comentam que a parte social representa um déficit nas contas mensais. Desta forma uma parte das receitas do futebol é deslocada pra cobrir esse déficit. Dentro da realidade estrutural dos clubes brasileiros, como essa situação poderia ser mudada?
Amir Somoggi – Embora a cara social dos clubes gere receitas de maneira razoável, por outro lado, essa área nos grandes clubes, que têm um parque social forte, como Corinthians, São Paulo e Flamengo, para citarmos três deles, realmente consome um valor alto, não apenas nas despesas correntes, mas também em contingências como, por exemplo, um funcionário que entra com um processo e ganha determinado valor, fazendo com que o clube tenha que arcar com isso, o que acaba recaindo sobre o futebol, que é a parte que gera mais receitas.

A tendência é o clube buscar alternativas comerciais para a sua área social e para o esporte amador. Como aqui se fala em esportes olímpicos e na prática esportiva dos sócios, é comum que os clubes busquem alternativas comerciais no mercado que possibilitem a redução gradativa desse déficit.

Acredito que o futebol deveria ser separado da área social do clube, principalmente, nessa questão da gestão, para que os recursos gerados com a área social fossem investidos diretamente na manutenção do quadro social das agremiações.

CdoF – Dentro da realidade política, econômica e social do Brasil, quais ações efetivas poderiam ser implementadas pelos clubes visando o aumento e a diversificação de suas receitas a curto e médio prazos?
Amir Somoggi – Para essa questão, nós temos que analisar os números que a Casual Auditores, empresa que há quatro anos faz estudos financeiros sobre o mercado do futebol tem.

No último ano, o mercado brasileiro bateu o recorde de geração de receita. Segundo a nossa análise, o mercado brasileiro de clubes de futebol atingiu R$ 1,6 bilhão em receitas, em 2007. A nossa amostra mais representativa são os 21 clubes que tiveram as maiores receitas nesse mesmo período. Eles atingiram R$ 1,33 bilhão.

As receitas estão assim subdivididas: negociação dos atestados liberatórios, ou seja, a transferência de atletas, que representou 34% desse montante de 2007, contra 23%, em 2006. As cotas de televisão representaram 22%, em 2007, frente a 29%, no ano anterior. O clube social e o esporte amador representaram 11% das receitas em 2007 e em 2006. Patrocínio e publicidade foram responsáveis por 11%, em 2007, contra 16%, em 2006. E bilheteria representou 8% em 2007, o mesmo valor no ano anterior. Por fim, outras receitas equivaleram a 14%, no ano passado, frente aos 13% de 2006.

Nós temos que fazer algumas análises em relação a esses valores para deixar a questão melhor explicada. Por exemplo, o social e o amador, em 2007, teve um grande incremento, em virtude da evolução que alguns clubes estão tendo naquilo que se convencionou chamar de sócio torcedor, que é um sócio, mas totalmente voltado para o futebol. Neste caso, têm destaque os seguintes clubes: Internacional-RS, Grêmio, Figueirense e Atlético-PR.

Para ter-se uma idéia do potencial dessas agremiações, o Internacional-RS conseguiu R$ 20,1 milhões com os seus sócios, o Grêmio R$ 18,5 milhões, o Figueirense R$ 4,3 milhões, e o Atlético-PR R$ 4,1 milhões. Ou seja, há uma tendência, que é extremamente positiva, a de fidelizar um público ligado ao futebol e não ao clube social.

Por isso que precisamos entender a nossa realidade. Se somarmos 34% de atletas, com 22% de TV, e com 11% de patrocínio e publicidade, tem-se 67% das receitas geradas pelos clubes. É o que se convencionou chamar no mercado do marketing de “business to business”, isto é, são receitas diretamente geradas com outras organizações, ou empresas ou clubes: venda de atletas (que são relações entre clubes), patrocínio e publicidade (que são acordos entre clubes e empresas), e as cotas de televisão (negociadas pelo Clube dos 13 ou por federações locais, mas que tramitam entre as entidades).

Ou seja, o consumidor do futebol, o torcedor, está fora desse processo. Então, essa talvez seja a principal diferença que nós temos entre o mercado europeu e o mercado doméstico de consumo de futebol: o torcedor representa muito pouco para a receita gerada pelos clubes brasileiros.

Por isso, essa é a inversão que deve ser feita por meio de planos de longo prazo, especialmente, na maximização dessas fontes de receita e na estruturação de projetos que sejam criativos e inovadores com o torcedor, a fim de que o torcedor brasileiro passe a representar cada vez mais para os negócios dos clubes.

CdoF – O futebol, assim como a maioria das modalidades, tem em seus ídolos um fator importante no conjunto da modalidade, seja dentro do campo ou fora dele, desde a maximização de receitas até a qualidade do espetáculo. É possível mantermos nossos craques no país por mais tempo dentro do contexto estrutural e econômico do nosso futebol?
Amir Somoggi – Essa é a principal pergunta que permeia o mercado do futebol brasileiro. Nós vivemos em um ciclo vicioso no que se refere à gestão dos clubes, pois as agremiações vendem cada vez mais cedo os seus atletas. Isso ocorre porque existe a questão relacionada à dificuldade de mantê-los, uma vez que há uma enorme pressão por parte do jogador, do seu empresário, e do mercado internacional com milhões de euros em mãos para comprar esses atletas.

As agremiações brasileiras recebem o dinheiro da venda dos jogadores e investem, principalmente, na estrutura de formação de novos atletas, visando encontrar, cada vez mais cedo, novos jogadores que vão se tornar ídolos e serão vendidos no mercado internacional, fazendo com que esse ciclo nunca se encerre. Ou seja, se pega o dinheiro, investe-se em formar jogadores que são rapidamente vendidos, e assim sucessivamente.

O ciclo virtuoso foi encontrado pelos europeus e temos que adaptá-lo a nossa realidade. A manutenção dos ídolos parece difícil, mas se olharmos as folhas salariais de grandes clubes da Europa, percebe-se que eles têm um volume cada vez mais alto de recursos sendo despendidos na manutenção desses atletas.

Por isso, deveríamos escolher três ou quatro jogadores de cada clube e realizarmos um trabalho para mantê-los por mais tempo no mercado, a fim de impulsionar as outras fontes de receita, investindo na marca do clube, na exploração da imagem desse atleta, na transformação dele em um ícone em termos de marketing. Dessa maneira, faríamos com que o ciclo virtuoso de geração de receitas aparecesse na venda de produtos, na exploração comercial da marca do clube, nos melhores contratos de patrocínio, na lotação dos estádios.

Assim, segurando por mais tempo esses atletas, a tendência é que se consiga reverter esse ciclo vicioso, transformando a gestão dos clubes em um ciclo virtuoso de geração de receitas.

CdoF – Na sua opinião, como profissional de marketing que vive a realidade do nosso futebol há anos, a profissionalização do futebol brasileiro em todos os aspectos, é viável ou um sonho ainda muito distante?
Amir Somoggi – Se analisarmos os últimos cinco anos desse aspecto, houve uma evolução, que pode ser comprovada pelos números financeiros dos clubes, embora os déficits dessas agremiações tenham aumentado. Houve uma evolução principalmente no que se refere à interpretação daquilo que é importante fazer-se para o mercado crescer.

O problema é que o mercado brasileiro de clubes de futebol vive de ser uma plataforma de exportação de jogadores. Automaticamente, outras importantes receitas que deveriam ser criadas acabam deixadas de lado, porque é mais fácil vender-se um atleta por 20 milhões de euros para o mercado internacional do que gerar essa mesma quantia diretamente com o torcedor brasileiro.

Isso demandaria projetos de longo prazo, de continuidade nessa mudança de paradigma. Ou seja, tem-se não um amadorismo, mas sim um comodismo da administração dos clubes, pois é mais fácil arrecadar-se com a venda de um único atleta do que se pensar que a agremiação tem 10 ou 15 milhões de torcedores pelo Brasil e fazer-se projetos que alavanquem essa idéia.

A Casual Auditores fez uma análise e chegamos à conclusão de que, apenas consideram-se as três macro-receitas dos clubes de futebol que são o estádio, a mídia e a exploração comercial das marcas dos clubes, tem-se um mercado inexplorado da ordem de R$ 1 bilhão, que poderia evoluir nos próximos quatro ou cinco anos, em um ritmo de cerca de 20% ao ano, sem considerar um único centavo com negociação de jogadores.

CdoF – Quais são as diferenças que fazem tão distantes as realidades do futebol brasileiro e do futebol europeu, sendo que o Brasil é um dos grandes nomes do futebol?
Amir Somoggi – O Brasil é uma referência em termos de futebol no mundo. O que significa que, dentro das quatro linhas, o mercado brasileiro é altamente respeitado. Poucos mercados no planeta atingiram o grau de excelência na gestão do que seria o futebol, em termos de preparação física, tática, técnica, centros de treinamento.

Muitos jogadores que voltam para o mercado brasileiro, quando vão para um clube como o São Paulo, o Atlético-PR e o Cruzeiro, afirmam que o centro de treinamento desses clubes não deixam nada a desejar às estruturas encontradas em grandes clubes italianos, espanhóis ou ingleses. Ou seja, essa realidade favorável, nós já temos. O nosso grande problema é converter esse êxito esportivo em geração de negócios no mercado doméstico.

O mercado europeu de futebol, considerando o profissional apenas, o que corresponde a todos os clubes europeus, mais a Uefa e confederações e a Fifa, gerou na temporada 2006-2007 um montante de 13,6 bilhões de euros, sendo que as Big Five Leagues, que são as cinco principais ligas da Europa (a primeira divisão da Inglaterra, da Alemanha, da Itália e da França) geraram 7,1 bilhões de euros. Isso mostra a importante representatividade desse montante em relação ao total.

Considerando-se os 20 clubes com maior faturamento da Europa, eles atingiram 3,7 bilhões de euros. Ou seja, mais de um quarto de tudo que se gera com receitas de clubes de futebol profissional na Europa, vem de apenas 20 agremiações.

CdoF – O Brasil é tido como exportador de grandes craques como Robinho, Ronaldinho Gaúcho, entre outros. Como o país deve atuar para mudar essa situação, ou seria mais apropriado assumir tal papel e tentar desenvolver as condições nas categorias de base para aumentar a venda de jogadores jovens?
Amir Somoggi – O problema de se aceitar como exportador é que o ciclo vicioso nunca irá se alterar. Se o dinheiro recebido com a venda de atletas fosse revertido para a melhoria de estrutura e para o consumo das marcas dos clubes como, por exemplo, com a incrementação dos estádios,ou com investimentos em projetos de marketing, ou com a internacionalização da marca dos clubes. Se tudo isso ocorresse, automaticamente, as agremiações brasileiras conseguiriam, aproveitando-se dessa exportação em massa dos atletas, investirem em outras áreas, possibilitando um incremento das fontes de receita.

No Real Madrid, que é o clube mais rico do mundo, o que mais gera receitas em todas as suas fontes, tirando o estádio, já que os clubes ingleses lideram esse quesito, o marketing gerou, em 2003, aproximadamente, 65 milhões de euros. Isso é fruto de um projeto, iniciado em 2000, com Florentino Perez, e que no seu terceiro ano conseguiu o valor de 65 milhões de euros. Hoje, o clube fatura 136 milhões de euros com o marketing.

Esse valor não inclui somente cotas de patrocínio que é o que, no Brasil, convencionou-se trabalhar como marketing, mas também vendas de produtos pelo mundo, royalties gerados com essas vendas, outros patrocínios do clube que não só as cotas, mas também a possibilidade de receber uma quantia extra na venda dos serviços dos patrocinadores, como é o caso do relacionamento do Real Madrid com a Telefonica.

Então, o Real Madrid, apesar de ter se tornado um caso de estudo acadêmico, deve ser enxergado como um exemplo de como um clube brasileiro deve atuar para aumentar a representatividade dos negócios a serem gerados, além da exportação dos atletas.

Outro dado referente à venda de atletas é que apenas os grandes clubes brasileiros conseguem valores importantes com a venda de jogadores. Os clubes menores ganham quantias irrisórias, quando os jogadores não vão embora gratuitamente para o mercado internacional. Se fizermos a conta de que cerca de 1.200 atletas foram transferidos para fora do país em 2007, e que esses recursos geraram aproximadamente 260 milhões de dólares, chegasse à conclusão de que cada um dos jogadores saiu por aproximadamente 225 mil dólares.

Tem-se aqui a realidade do cenário brasileiro, pois, para cada craque vendido por 15 ou 20 milhões de dólares, existe uma massa de outros atletas que foram embora por valores irrisórios.

Existe também outra questão importante, e que vai além das finanças dos clubes: o fato de preservarmos a nossa identidade, o nosso patrimônio, que são esses atletas. Exemplos disso são os casos como o Deco e o Marcos Senna, que foram jogadores que não passaram pelas categorias de base da seleção brasileira, e hoje são naturalizados e jogam nas seleções de outros países. Será que um dia não vai nascer um Robinho, um Kaká ou um Pelé, que logo aos 15 ou 16 anos vai embora do Brasil, sem ninguém nem ter idéia de quem ele é, e amanhã ele aparece em uma copa do mundo com a camisa de uma Dinamarca, de uma Noruega, de uma Suécia ou de um Irã? Quem sabe.

Esse é outro risco que corremos. Vendendo a granel essa quantidade absurda de atletas para o mundo, nós corremos o risco de entregar para outros mercados menos desenvolvidos no aspecto do futebol, jogadores que poderíamos segurar na nossa seleção e no nosso futebol.

CdoF – Na situação contemporânea, os atletas saem do país para conseguir independência financeira e/ ou porque os clubes precisam aliviar seus problemas financeiros. Este aspecto ocorre, em parte porque houve uma profissionalização administrativa na Europa, o que não aconteceu no Brasil. Aqui, em alguns casos ainda temos amadores administrando um ramo cada vez mais profissional como o futebol. O que fazer para que alcancemos o patamar europeu?
Amir Somoggi – Uma questão importante é deixar-se claro que executivos remunerados, que pensam 24h por dia os negócios do clube e que conhecem a fundo tudo o que pode abranger o negócio futebol são essenciais para a evolução do mercado brasileiro.

Algumas agremiações já têm no seu corpo diretivo profissionais com essas características, mas ainda é muito pouco se comparado com o que aconteceu no mercado europeu e norte-americano.

Obviamente que um dos motivos para que os clubes brasileiros tenham que vender cada vez mais cedo os seus atletas é a pressão financeira pela evolução econômica dessas agremiações. Para visualizarmos melhor esse cenário, em 2007, apenas os 21 clubes com maiores receitas do Brasil gastaram R$ 900 milhões na manutenção do seu departamento de futebol. No ano anterior, esse valor não chegou R$ 740 milhões. Portanto, de um ano para o outro, houve um acréscimo de mais de 20% nas despesas com o departamento de futebol.

Isso porque esses valores não se referem à despesa total desses clubes, a qual atingiu R$ 1,6 bilhão, enquanto que o faturamento deles foi de R$ 1,33 bilhões. Ou seja, há um déficit consolidado nas contas dos clubes.

Logo, tem-se um problema grande, que é o aumento das despesas. A manutenção do departamento de futebol dos clubes no Brasil, assim como no resto de mundo, é cada vez mais cara. Os jogadores querem ganhar mais, os clubes investem em estruturas de treinamento e de preparação, há custos inerentes a transporte e hospedagem que também impactam nas despesas totais, fazendo com que as agremiações tenham que equilibrar as suas finanças de alguma maneira, no caso, por meio da venda dos seus atletas.

Sendo assim, as disparidades entre os clubes europeus e os brasileiros estão diretamente ligadas à baixa execução e planejamento de novas estratégias para arrecadar mais e controlar custos. A tendência que se pode observar nos clubes brasileiros é que as despesas estão acompanhando a evolução das suas receitas, o que é muito perigoso.

Considerando que as receitas dependem muito da venda de atletas, naqueles anos em que os jogadores não conseguirem ser transferidos pelo valor que os clubes esperavam, por fatores como uma crise no mercado europeu, por exemplo, os déficits tendem a crescer assustadoramente.

Por isso, os clubes brasileiros têm que implementar não apenas a maximização das suas contas de receitas, mas uma série de controles na sua gestão, a fim de que haja uma otimização do investimento realizado, buscando o déficit zero.

CdoF – O Brasil irá sediar a Copa do Mundo de 2014. Qual é a realidade brasileira para receber um torneio dessa envergadura? O que falta arrumar e quais são os principais problemas? E as perspectivas de melhoria?
Amir Somoggi – Nós temos que analisar essa questão sobre vários aspectos. O primeiro deles refere-se não apenas ao futebol, mas ao país em si. Os dados, não só em copas do mundo, mas também em olimpíadas, comprovam que o menor investimento que deve ser feito por um país que irá sediar um evento dessa magnitude são os estádios. Essa é uma parte importante, mas não é a única.

Na Alemanha, o investimento em infra-estrutura urbana, ou seja, estradas, rodovias, rede hoteleira, entre outros ramos, representou quatro vezes mais do que o que foi investido pelo governo alemão em estádios. Isso também acontece em jogos olímpicos e deve ser pensado por quem vai investir no projeto estratégico da copa do mundo no Brasil.

O investimento que será feito deve visar o legado que o evento trará para o país, não apenas em termos econômicos e turísticos, mas também em termos sociais, para que haja uma melhora da condição de vida da população brasileira.

Há que se estudar os gargalos atuais (aeroportos, rede ferroviária, telecomunicações, energia, etc) para que, graças à copa, atraiam-se investimentos privados e públicos para essas áreas que são essenciais para o país.

Outra questão refere-se literalmente ao futebol do país. A realidade da Alemanha tem que ser novamente destacada, pois, além do investimento que foi feito nos estádios, houve uma preocupação do mercado alemão em desenvolver o seu negócio em torno das marcas dos clubes. Os dados da Bundesliga comprovam essa minha afirmação. Em 2004, a receita gerada pelos estádios alemães era de 236 milhões de euros, considerando-se a primeira e a segunda divisão (são 36 clubes). Esse volume atingiu, na temporada 2006-2007, 365 milhões de euros, isto é, 55% de evolução, em quatro anos. Isso quer dizer que o mercado alemão ingressou, nos últimos quatro anos, em um ritmo de 32 milhões de euros novos a cada ano.

Até a temporada 2005-2006, a primeira divisão do futebol alemão era a quarta liga em receitas geradas da Europa, e graças ao efeito positivo da copa do mundo, na temporada 2006-2007, a Bundesliga 1 (primeira divisão) já era a segunda liga mais importante do Velho Continente.

Fica claro como a copa do mundo foi positiva para o mercado alemão no que se refere aos estádios. Além disso, outras receitas como venda de produtos, cotas de patrocínios e direitos de transmissão cresceram assustadoramente, provando que a visibilidade que o mercado alemão teve e a sua importância no mercado global, graças à copa do mundo, foi positiva, ao ponto do mercado de futebol profissional da Alemanha passar de 1,2 bilhão de euros, em 2004, para mais de 1,75 bilhão, em 2007.

CdoF – A realização da Copa de 2014 no Brasil fez com que muito clubes decidissem reformar suas arenas para concorrerem a sedes de jogos das seleções. No entanto, o setor financeiro desses mesmos clubes sofre com enormes buracos. Quanto esses investimentos nos estádios pode contribuir ou prejudicar ainda mais as equipes?
Amir Somoggi – Os clubes brasileiros, hoje, estão debilitados financeiramente, e não têm condições de bancarem sozinhos esses projetos. Prova disso é que o boom que está acontecendo no Brasil mostra que o que está atraindo investimentos é a busca de parceiros que ajudariam os clubes a realizar as reformas e a construção de estádios.

O primeiro a fazer esse tipo de parceria foi o Palmeiras com a WTorre, depois veio o Grêmio, e há discussões em torno do São Paulo e de outros estádios que irão surgir no decorrer desse período.

Um estádio bem estruturado tem grandes condições de alavancar clubes de futebol. Isso é fato. Mas não é necessário que se realize uma copa do mundo para que isso aconteça. A Premier League é o mercado que mais gera receitas com estádios. Em 2006-2007, ela atingiu 802 milhões de euros, e a última copa do mundo realizada na Inglaterra foi em 1966.

Logo, não é porque acontecerá uma copa do mundo que tem que se construir estádios. A Inglaterra, sem sombra de dúvida, é o melhor exemplo disso. Os clubes ingleses investiram nos últimos 15 anos mais de 3 bilhões de euros em stadium facilities, que são melhorias no atendimento ao torcedor que vai aos estádios, com melhores serviços, lugares marcados, com jogadas de marketing possibilitando que eles consumam mais.

Em 1997, o ticket médio de consumo era da ordem de 25 euros por torcedor. Na temporada 2006-2007, esse valor foi de 60 euros por torcedor. Isso mostra como o profundo investimento na melhoria dos estádios impactou no mercado.

Em termos de Brasil, é importante que os clubes entendam que não adianta apenas investir milhões na construção de estádios. Um exemplo é o Engenhão, que custou R$ 250 milhões para os cofres públicos. No entanto, o seu percentual de ocupação, dependendo da competição, variou entre 12% e 13% a 40% e 45%. Ou seja, não é porque o estádio é novo que as pessoas o freqüentarão. Já o Atlético-PR tem uma ocupação da ordem de 40% no seu estádio, o qual é considerado o mais moderno do Brasil. O que deve ser pensado é qual será o projeto pós-copa que será executado e quais serão os projetos de marketing dos clubes para ganharem com a Copa no Brasil.

Um último dado interessante refere-se a quanto os clubes arrecadaram com a bilheteria nos seus jogos. A equipe brasileira que mais ganhou nesse quesito foi o Flamengo, que somou um montante de cerca R$ 14 milhões, em 2007. Em comparação com o Manchester United, o clube inglês teve uma arrecadação de 137 milhões de euros, só com bilheteria.

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Visibilidade e receitas alternativas

Com site, Misto quer abrir mercados e manter torcedores

Para o presidente da equipe, a página na Internet valoriza os torcedores, que poderão informar-se mesmo longe de Três Lagoas (MS)

Equipe Cidade do Futebol

Há aproximadamente duas semanas, o Misto Esporte Clube de Três Lagoas colocou no ar o seu site oficial. Por enquanto o endereço da novidade para os torcedores do time de Mato Grosso do Sul é www.mistomstreslagoas.com.br. No entanto, em breve estará no ar o www.mistodetreslagoas.com.br, que está em fase de construção.

Para Jamiro de Oliveira, o Miro, presidente do clube, com a página na Internet, o Misto está valorizando os seus torcedores e abrindo as portas para os mercados nacionais e internacionais na área de marketing e, principalmente, na divulgação dos talentos das equipes das categorias de base da agremiação.

Com o site, o presidente do clube sul-mato-grossense espera que os time aumente as suas receitas alternativas. "O futuro do futebol está nas receitas alternativas. Utilizar nosso site oficial com objetivo de facilitar a busca destas receitas deve ter reflexos sentidos a médio e longo prazo", afirmou Miro.

Além disso, outro objetivo do lançamento do site é que os torcedores da equipe não se afastem da agremiação mesmo quando não estiverem em Três Lagoas. "Ao navegar pelo portal, os internautas poderão saber mais sobre a história, a estrutura, os feitos do clube e sua grande contribuição para o futebol sul-mato-grossense", contou o presidente do Misto.

Na avaliação de Ricardo Pereira, da Agência Tríade Comunicações, o lançamento do site simboliza o avanço do segmento da interatividade no futebol do Mato Grosso do Sul. "Em 2006 apenas a Federação e o Cene tinham sites e com baixa qualidade de conteúdo e informações. Hoje, temos o site da Federação e do Cene completamente reformulados, além dos sites do União de Camapuã, do Sete de Setembro de Dourados e do Misto de Três Lagoas, todos com design modernos e com planejamentos de conteúdos, além dos sites do Águia Negra de Rio Brilhante, e do Naviraiense", disse.
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A tática em função do espaço

Dimensões do campo determinam estilo de jogo no São Caetano

O técnico Vadão quer que sua equipe apresente uma combinação de velocidade e postura ousada

Equipe Cidade do Futebol

Geralmente, os técnicos de futebol estudam a forma de jogo da equipe adversária antes de enfrentá-la. No entanto, Vadão, que comanda o time do São Caetano, preferiu ater-se às dimensões do campo do Bragantino para determinar a forma como a sua equipe atuará, na próxima terça-feira (16).

"O campo deles é pequeno. Temos que fechar e encaixar a marcação e usar a velocidade. O importante é manter a posse de bola e, mesmo jogando na casa deles, tentar ditar o ritmo do jogo", comentou Vadão.

O técnico do São Caetano assumiu que a projeção para essa forma de atuar deve-se ao fato do seu time estar com 32 pontos na série B do Campeonato Brasileiro 2008, ou seja, a 11 pontos da zona de classificação para a elite do futebol nacional e, por isso, precisar vencer. Contudo, o time de Bragança Paulista ganhou as suas quatro últimas partidas.

Em busca de uma vitória a qualquer custo, o treinador do São Caetano espera que na próxima terça-feira, a sua equipe apresente uma combinação de velocidade e postura ousada.

O time de Bragança Paulista está na sexta colocação do campeonato, com 39 pontos ganhos a apenas quatro pontos do quarto colocado, Santo André.
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segunda-feira, setembro 08, 2008

COM PÉ E CABEÇA - ANO IV - N°130

A Coluna do Benê Lima
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Opinião
LIBERDADE EM RISCO


No 29 de agosto p.p., o jornal Diário do Nordeste, publicou matéria daquelas que exigem certo fôlego de sua equipe. Estatísticas, números, nomes e material fotojornalístico consentâneos com as exigências de um bom composto jornalístico. O fotojornalista Kiko Silva teve sua sensibilidade e seu esforço compensados com a primeira página do jornal. Empunhando uma câmara de boa qualidade, munida com uma teleobjetiva adequada para aproximar e comprimir a imagem, além de dar força ao assunto principal pela reduzida profundidade de campo, Kiko pode expressar, através de um plano ligeiramente elevado, um amontoado de jogadores em ritmo de treino, em Porangabuçu.

Quanto ao seu conteúdo, a matéria nos pareceu crítica, porém, inteiramente verdadeira. E daí surge a pergunta:
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- Que mal ou o que de mau pode haver, intrinsecamente falando, numa matéria eminentemente jornalística?
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Do ponto de vista dos dirigentes alvinegros, então, a matéria veiculada no dia 5 deste mês, no mesmo DN, teria sido muito mais ofensiva para os dirigentes tricolores: “Sem reforços, Heriberto aposta em seus gritos”. Mesmo que consideremos apenas o título da matéria, ele, por si só, já revela a inoperância da diretoria do Fortaleza e admite que muito há por fazer para que o Tricolor se torne um time competitivo; também questiona a qualidade, onde não existe sequer quantidade. E aí: a reportagem do DN vai ser impedida de também ter acesso às dependências do Fortaleza Esporte Clube?

Na verdade, a atitude de tentativa do cerceamento da liberdade de expressão dos profissionais que fazem a cobertura dos clubes, revela o despreparo da maioria dos dirigentes, que nem entendem, e menos ainda respeitam a natureza do trabalho jornalístico à cargo desses profissionais.

A propósito, não é por mero acaso que dizemos: “Futebol que confunde crítica com perseguição, de fato não merece estar sequer na Segunda Divisão”.


EFEMÉRIDES

Cancela intransponível
Quanto mais apostamos na desafiadora quebra deste paradigma, mais nos decepcionamos pelo distanciamento entre a meta estabelecida e sua consecução. O time do Ceará já se mostrou mais próximo de sua primeira vitória fora de casa, ao contrário do que vimos diante do Brasiliense. O técnico Lula Pereira vive sob o problema do cobertor curto: protege a defesa, e desmobiliza o ataque; implementa o sistema ofensivo, e desguarnece o defensivo. Mas a verdadeira origem do problema está na limitação das opções do elenco alvinegro. E, às vezes, até mesmo na regra que limita o número de substituições. Ao jogar fora de seus domínios, há algumas ocasiões em que o time do povo reclama por quatro, cinco ou seis substituições, quando a regra só permite três. Vale ainda ressaltar que, nem sempre bastam atitude e coragem. Antes, é necessário reunir qualidade e competência.

Salvador da pátria
Heriberto da Cunha, técnico tricolor, tem sido guindado ao posto de ‘milagreiro’. Exagero a parte, certo é que o comandante-técnico do time do Fortaleza vê crescer sobre si
enorme responsabilidade. Afinal, quem, no Tricolor do Pici, está a altura dos conhecimentos de Heriberto? Sendo assim, a situação vivida por esse treinador quase que se repete, em se tratando de futebol cearense: de faz-tudo no Ceará, a faz-quase-tudo no Fortaleza. E tudo por incompetência dos dirigentes dos dois maiores clubes da nossa capital. Mas é bom que se diga: Heriberto não tem culpa por isso.

BREVES E SEMIBREVES

Verdinha
É inaceitável o mau momento gerencial por que passa a tradicional Rádio Verdes Mares AM810. Como reflexo de uma segmentação perniciosa no campo esportivo, a querida Verdinha cuida em desqualificar seu conteúdo, operando em situações que beiram o ridículo, através de sua equipe esportiva. Não que isso seja inédito em nossa radiofonia, que insiste em primar pela falta de qualidade, embora consideremos as exceções.

Deselegância
Júnior Marquezine conduziu-se de maneira deselegante, ao falar em público com maledicência sobre a saída do radialista Ricardo Silva, da Assessoria de Imprensa do Caucaia Esporte Clube. Na verdade, Ricardo já não tinha tempo para o desempenho da função, o que o fez nos indicar para o cargo.

Críticas
Aumentam o número de reclamações e comentários críticos acerca do desempenho da equipe esportiva da Rádio Metropolitana AM930. Entre outras coisas, fala-se de lavagem de roupa suja no ar, e de profissionais sem as mínimas condições para o desempenho da atividade radiofônica.

Dinheiro bom, gerenciamento ruim
Nada define melhor a visão de boa parte da torcida do Fortaleza sobre a Santana Textilis, que a frase acima. Para administrarmos tal conflito, direi que a bem-sucedida Santana de fato não tem como ponto forte a administração do futebol. Ela dispõe dos recursos monetários, compreende apenas parte do processo de gestão do futebol, e não domina nem a lógica nem as peculiaridades do meio esportivo. E isto é preocupante.

Sobre a Santana e ex-presidentes
A patrocinadora do Tricolor, numa visão caracteristicamente empresarial, certamente não avaliza as gestões de Jorge Mota, Ribamar Bezerra e, menos ainda, a de Marcello Desidério. Há quem diga que, além da queda da 1ª para a 2ª divisão brasileira, Ribamar e Desidério foram os responsáveis pela quebra da previsão de um bom caixa, que seria formado a partir de maiores verbas das arrecadações dos jogos, de patrocinadores e de direitos de tv.

Detalhe
É muito comum o Corinthians trabalhar em dois expedientes. Pela manhã, são realizadas as atividades físicas de maior volume; à tarde, treinos táticos. No entendimento dos atletas, o time sobra na 2ª etapa, o que acaba fazendo a diferença a favor dos corintianos.

Outro detalhe
O Corinthians espera arrecadar cerca de R$ 400 mil nos próximos quarenta dias, estampando em forma de mosaico, fotos de seus torcedores em suas camisetas. O título da idéia é “O Timão tem a sua cara”. E vale lembrar que a idéia não é inédita, mas deverá funcionar.



Benê Lima
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F. (85) 8898-5106
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sexta-feira, setembro 05, 2008

Subaproveitamento do potencial de faturamento

Rivalidade e marketing, fatores que caminham separados

Apesar da euforia nos dias de clássico e dos grandes jogos que acontecem nessas ocasiões, dificilmente o marketing dos clubes aposta nesses confrontos

Marcelo Iglesias

A rivalidade entre os clubes de futebol pode assumir diversas formas, tanto dentro como fora de campo. Jogadores, geralmente, mostram-se mais empolgados nas vésperas de um clássico regional, por exemplo, e o ambiente das cidades chega a mudar nas horas que antecedem esses espetáculos.
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É claro que essas disputas mais acirradas entre certos clubes não apareceram do nada. Elas obedecem a história e a tradição dos confrontos entre tais agremiações. Quem nunca ouviu, por exemplo, algum relato sobre um jogo entre Palmeiras e Corinthians, ou entre Flamengo e Fluminense, ou entre quaisquer outros clubes que proporcionam espetáculos memoráveis como esses, que antes mesmo da bola rolar já valem o ingresso.
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“Rivalidade é um dos combustíveis do futebol. Quanto mais, melhor. Afinal, sem rivalidade, não haveria futebol”, disse Oliver Seitz, pesquisador pela Universidade de Liverpool, profissional de marketing no Coritiba e colunista da Cidade do Futebol. “E quanto mais rivalidade, maior é a tendência das pessoas se envolverem com o jogo e com os clubes. Com isso, muito mais dinheiro é gerado. Não por acaso, são os clássicos, os jogos que mais atraem pessoas, mídia e patrocinadores”, completou.
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No entanto, será que toda essa euforia criada por jogos entre times que ostentam rixas entre si pode ser usada pelos departamentos de marketing dos clubes para a realização de estratégias e campanhas que busquem na paixão dos torcedores a fonte para a venda de produtos ou o aumento da identificação dessas pessoas com o seu time do coração?
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“O ideal é trabalhar a rivalidade de forma positiva como, por exemplo, focar na motivação dos torcedores em lotar os jogos do time em seu estádio, principalmente, em um jogo contra o seu arqui-rival, e fazendo com que a rivalidade seja uma das formas de motivar comercialmente o torcedor, mas jamais a única”, opinou, Amir Somoggi, professor de marketing e gestão esportiva, e consultor de empresas de auditoria de clubes, agências de marketing esportivo, patrocinadores e entidades esportivas.
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Os clubes brasileiros estão desenvolvendo, nos últimos tempos, estratégias de marketing bastante ligadas a situação em que se encontram as equipes, e sempre visando o apoio da torcida. O Corinthians é um bom exemplo desse tipo de iniciativa. Quando o clube foi rebaixado para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro, no final de 2007, foi lançada a campanha “Eu nunca vou te abandonar!”. Meses depois, quando a equipe de Parque São Jorge foi para a final da Copa do Brasil deste ano o departamento de marketing do clube lançou a campanha “Não pára!”. Agora que a agremiação está prestes a voltar à elite do futebol nacional, será lançada a campanha “O Timão tem a sua cara”.
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Um dos problemas que logo surge quando se pensa em estratégias de marketing que se baseiem na rivalidade entre equipes é que elas podem acabar gerando casos de violência dentro e fora dos estádios.
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“A rivalidade em si é muito arriscada. Qualquer fomento que a acirre, corre o risco de ser responsabilizado por eventuais confrontos entre torcidas e ações similares. Por isso, é comum que aconteça o contrário: as rivalidades são tão fortes que os agentes envolvidos desenvolvem ações em conjunto para diminuir a tensão do jogo. Dessa forma é comum ver jogadores, técnicos e dirigentes rivais enviando mensagens de paz e coisas do tipo, uma vez que os clubes não querem arcar com o ônus do descontrole entre torcedores rivais”, afirmou Seitz.
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Por isso que estratégias que acirrem rivalidades devem ser usadas de forma inteligente podendo utilizar mensagens não diretas aos torcedores. “Um bom exemplo é a atuação de Boca e River, na Argentina. Ambos trabalham o conceito de rivalidade por meio dos ‘chistes’ com a compra de mídia fazendo brincadeiras atreladas à relação entre os clubes”, exemplificou Somoggi.
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Sendo assim, as estratégias de marketing dificilmente podem ser atreladas à rivalidades entre equipes. Além disso ser perigoso, principalmente em países em que a violência entre torcidas é real, dificilmente encontra-se um viés específico para criá-las a tempo de gerar lucros para os clubes. Eventualmente pode-se trabalhar a rivalidade para comemorar uma vitória histórica sobre o rival, ou para elevar a auto-estima da equipe em um momento específico, mas sempre com respeito às demais agremiações para que isso não gere confusões.
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EXPERIÊNCIA QUE DEVE SER COPIADA

Reforma pode deixar Mineirão com clubes

GUSTAVO FRANCESCHINI

Possível sede do jogo de abertura da Copa do Mundo de 2014, o Mineirão deve passar por reformas nos próximos anos e a Administração de Estádios de Minas Gerais (Ademg) já está pensando na futura gestão do espaço após a remodelagem. A solução mais provável, e preferida pelo governo, é uma parceria com Atlético Mineiro e Cruzeiro, que pode ser apontada como ideal para o caso já no começo do ano que vem.
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A avaliação está sendo feita pela empresa de consultoria Ernest & Young, que estudará as possibilidades de gestão do complexo, que inclui o ginásio Mineirinho, mais lucrativas. O governo de Minas Gerais, porém, não tem um projeto pré-definido.
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"É a gestão ideal e é o que o nós desejamos. A iniciativa privada quer isso também. Sem a participação dos dois clubes o Mineirão vira um elefante branco. Tudo caminha para que seja uma PPP, mas a gente ainda não pode oficializar nenhuma possibilidade", disse Gustavo de Faria Corrêa, secretário estadual de Esportes e Juventude.
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A possibilidade não é uma novidade para os rivais de Belo Horizonte, que há anos cogitam a idéia de gerirem o Mineirão. Um sinal de que isso pode, enfim, acontecer, é a atual administração do sistema de bilheterias e estacionamentos do local, que hoje é comandada por Atlético e Cruzeiro.
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"O governo tem se empenhado para que isso aconteça. A gente até pensou em construir um estádio particular, mas ainda estamos em fase de avaliação de terreno e então essa pode ser uma boa opção. É uma possibilidade concreta e não acredito que a gestão conjunta seja difícil, acho que é só os dois clubes conversarem que eles se acertam", disse Antonio Claret, diretor de marketing do Cruzeiro.
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A idéia de cessão aos clubes é também uma forma de unificar a campanha de Belo Horizonte para sede da abertura da Copa do Mundo, posto muito disputado com São Paulo. Se o Cruzeiro levasse seu projeto particular adiante, a concorrência com o Mineirão poderia minar as chances da cidade na empreitada.
Tudo isso, porém, ainda não foi tratado oficialmente. Todas as partes, apesar de confirmarem a possibilidade, fazem questão de ressaltar que nenhuma conversa foi iniciada, e o projeto pode começar a ir para o papel somente em 2009.
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"O que tem de concreto é que foi feita uma licitação e a Ernest & Young vai apresentar um estudo com sugestões de modelos de negócio para o complexo após a reforma.Essa pesquisa pode apontar a gestão conjunta como melhor solução Atlético e Cruzeiro", disse Álvaro Cotta, diretor de marketing do Atlético Mineiro.
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segunda-feira, setembro 01, 2008

A COLUNA DO BENÊ LIMA

Com Pé e Cabeça - Ano IV - N°129

Opinião
A QUEDA DA ‘BASTILHA’ – II

A estória de um leão que, de tão domesticado e afeito aos maneirismos de seus adestradores, transforma-se em mero bichano

O que estão fazendo com o Fortaleza é de dar dó. Desde a saída do Ex-presidente Ribamar Bezerra que o desmonte no Tricolor vem sendo perpetrado.

A ‘antigestão’ de Marcello Desidério foi progressivamente ‘desconstruindo’ a base administrativa do clube, e paulatinamente lançando o Fortaleza numa nefasta aventura, situação que requer uma verdadeira epopéia para fazê-lo vencer a presente crise técnico-administrativa.

Diante da péssima situação do time no Brasileirão da Série-B, o seu torcedor, num ato de desespero, apela para as agressões verbais e para os sopapos, chegando bem próximo de configurar a agressão física. Os alvos principais do destempero dos raivosos torcedores foram, além de alguns atletas, o diretor de futebol do clube.

É bem verdade que não há incompetência que justifique certo tipo de agressão. De outra parte, temos que reconhecer que se explica e justifica-se a indignação do torcedor tricolor com a atual diretoria leonina. Afinal, letargia e inoperância também representam falta de competência. E o que dizer do desempenho do departamento de futebol profissional do Fortaleza? O próprio técnico Heriberto da Cunha já houvera dito, em relação à gestão anterior:

- Não fui eu quem contratou seis volantes e oito atacantes...

E agora, o mesmo Heriberto que já deixara a barca furada anterior, vem a público para finalmente admitir o que já sabíamos: a barca outra vez está furada. E se remendos não houver, certamente o comandante Heriberto cai fora novamente.

Se não for para promover mudanças, o Fortaleza não precisa de líder. Qualquer pessoa que assuma o Tricolor deverá incorporar o pensamento de agente de mudanças. E as mudanças passam, inevitavelmente, pela análise crítica até alcançarem o critério da verdade. E futebol em que a crítica é confundida com perseguição, não merece estar sequer na Segunda Divisão.

Como bem diz um guia corporativo, para que uma empresa possa prosperar, é preciso que ela cuide dos seus ativos. Acontece que os ativos mudaram, e o bem mais valioso da nova economia é a inteligência. E isso é o que mais tem faltado aos que comandam o Fortaleza Esporte Clube.

(...)


”As pessoas podem ser bem-educadas, corteses e sociáveis, mesmo sendo críticas.”


Benê Lima
benecomentarista@gmail.com
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